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As pinturas de Marcelo Camara partem de sua afinidade com o desenho, explorando a visualidade por meio do gesto e das variações das marcas que cria. Em suas abstrações, Camara torna visíveis processos que partem da experiência individual, do olhar e da percepção. Referências variadas informam sua produção, utilizando frequentemente a história da arte como ponto de partida, mas também imagens da natureza, a escrita e a música. Essas referências atuam como disparadores de um procedimento que não obedece um sentido preestabelecido.

Seus traços, sejam expansivos ou contidos, são agentes da tensão construída na tela, resultando em obras que muitas vezes parecem descrever paisagens ou anotações visuais. O caráter físico do traço, ora obstinado, ora hesitante, revela processos internos, transformados em manchas e cores que evocam composições ou atmosferas, ao mesmo tempo que recusam qualquer leitura fixa. Seu trabalho situa-se ao mesmo tempo antes e para além da formação de imagens reconhecíveis, instaurando ambiguidades que fornecem uma abertura à imaginação de quem vê.

A produção de Camara é marcada pela insistência nas possibilidades do gesto, criando manchas de cor, linhas e texturas que transcendem a figuração. Para o artista, o mais importante é o que acontece durante o processo da pintura, no qual as imagens vão surgindo, constantemente se desdobrando e transformando. Suas abstrações condensam seus movimentos realizados diante da tela, nos envolvendo numa articulação visual dinâmica que fala da experiência contemporânea. Para Camara, a persistência do fazer existe como modo de se perceber no mundo e refletir sobre essa presença.

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